Thursday, May 5, 2011

PAR AMOUR



Amor

semelhante



Tal como cheguei

assim

aqui me despeço



Incapaz de continuar

a invadir e deslustrar

a tua privacidade

ou a nossa intimidade



Evito partir espelhos



Antecipo-me assim

a inexoráveis novas

já por ti previstas

e até decididas



Recordo-te

como o maior

e mais precioso

dos segredos



Guardo-te

como se de uma pérola

singular

se tratasse



No mais recôndito do meu ser



Para o resto

de toda a minha

e transitória vida



Indício inequívoco

o instinto protector

anti-rapace

teimosamente relutante

ao sobrepor-se

categoricamente

a toda a fruição

ou consumação

do acto da primavera



"Mas não faz mal"

sussurravas-me tu

afinal

brandamente ao ouvido



Candura

prerrogativa

que te caracteriza



De repente

faz-se silêncio

e a minha alma

mostra-se

tão só

nua



O luar dos amantes



Vem-me à memória

"o grito das cegonhas"



"Amor do lixo"

ou amor reciclado

em azul

(como queiras)



Pertences ao plano das ideias



Alma minha identificável

sombra íntima

relutante



Como são as palavras insuficientes

para tanto sentimento

pleno de sofrimento



A tua terna imagem

liberta-se finalmente

do meu entendimento



E projecto-te para outra dimensão

desconhecida

e não tenho capacidade

para lhe suportar o peso



Insustentável



Para mim

e para nós



Hoje intuí

da forma mais pura e consciente

o profundo enigma

da nossa condição



Humana



Folheio Le Bateau Ivre

e transmuto-me num ápice



Metamorfoseio-me

ou mascaro-me

(pouco importa)



Exclusivamente para ti



Desejo sensual

comoção extrema



As lágrimas correm-me

uma vez mais



Salgadas



Suavemente



Como a gota de orvalho

beija uma folha qualquer



Deslizando



Atraída pela mãe terra

numa qualquer manhã de Inverno



Doces carícias

por ti

e para ti



Onde me esvaio

nesse mar imenso



O teu sorriso

belo

e único



Só assim

sabia

e me importava

estar



Pisámos o mesmo chão

caminhámos na mesma praia

partilhámos a mesma paixão

trocámos afectos profundos



Convidei-te a ser



E provei a mim próprio que te amei

e ainda chamei por ti



A dor

invade-me

e vinga-se

com toda a sua aspereza



Sinto um aperto enorme no coração

como se o ar me faltasse



Como se de uma espécie de paixão

ainda se tratasse



Oh! noites brancas

cansadas de tanto esperar

preciso de fantasmagorias



Acredita-me

e não me julgues



Pois tudo o que te mostrei

foi espontâneo

e autêntico



Com intenção crédula

e inseparável

de toda a ingenuidade

existente

no meu mundo



Se me acreditares

far-me-ás feliz



Outrora,

ao vislumbrar

a tua silhueta

ao fundo de uma rua qualquer

era para mim suficiente



E assim será



Todos

e todos

os dias



Je tʼaime

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