Thursday, May 5, 2011

AO MEU IMPETUOSO AMOR



Os dias que nascem são longos
lembram a persistência dos séculos



Desvanecem-se tão longinquamente

que me perco na linha do teu horizonte



Noites revoltadas de tanto esperar

desgosto gostoso

acompanhante eterno



Doce companheira

por quem fio teias constrangedoras

por quem choro lágrimas prometedoras



Momento de ternura inútil

em que acaricio

os cabelos de cada uma das primaveras

suportadas por mim



Quando me sussurras doces palavras

em segredo 

acredito-te



O teu silêncio  comprometedor

devaneia o meu ego multicolor



Flor intocável ardente



E surge 

a silhueta ancestral

o coração imponderável



Correspondes

à incondicional alegoria

imperturbável da luz



És a índole da clemência



A vastidão nua

cruza-se com a pausa do destino



Solstício de junho

anuncia o dia ainda bastante jovem

com o luar sempre flamejante



Voo até à última escarpa

despida pelo vento



Tacto febril

plaisir qui tue!



E é assim

que adormeço todas

e todas as noites



Aguardo pacientemente

a ingenuidade de ver mais um dia a nascer

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