Saturday, September 26, 2020

O ROSTO E A MÁSCARA


 





Tudo parece irreal no mundo inacabado.

Só a enorme tristeza é real. Melancólica. Uma angústia consternada. Autêntica. Insinua-se nua. Não desabita.

Entre dedos um colossal desespero. Secreto e lancinante.

Percorro veredas hostis suspensas de traição. Indistinguível. Ardendo ao frio. Fora do mapa. Não me procures que não me encontras.

Respiro no epicentro do turbilhão. Corto amarras e vagueio sem rumo. Desgovernado. Sucumbo às vagas azedas. Na violenta visão nocturna. Onde não passa ninguém. Nem sequer as crianças orfãs.


O pesadelo revela-se no teatro dos sonhos. Em campo. Sem contracampo. Telecomunicado em água fria. Gelada.

                                

Qual apartação tecnológica!


Assolado por mãos outrora aveludadas. Da mais pura seda. Fina. Separas as ruas e as luzes esmorecem desguarnecidas. 

Extinguem-se. Caprichosas. Declinam ao frívolo sabor do teu eu.  

Um olhar turvo. Inabalável. Pessoal e intransmissível. Em passo sereno e incauto. Patológico. Onde a sensatez e o afecto não se falam.

Um epílogo de rosto longínquo. Sombrio. A anatomia de um logro. A elisão do ectoplasma. O desejo morto à nascença.


Sou árvore. Como tal considero as outras árvores.


Impugnado sou forçado a rasgar-te a máscara:

um ser dentro de outro ser.

Não te conheço.






1 comment:

  1. A extrema violência veta a liberdade de expressão

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