Monday, September 5, 2011
L'OUBLI
Sans espoir de retour
les pas de la nuit qui tremble
cassent toutes les règles
d’un univers singulier
de contours incertains
Des rimes envolées
le cœur affaibli
les corps emmêlés
l'extrait de la souffrance
petite étincelle de temps
Les caresses qui s'éteignent
l'éclat de tes cheveux
on chante à l'unisson
le mélange parfumé
en traversant les airs
Illuminations vacillantes
le sable blanc des îles
sensualité outragée
le trouble des sentiments
infinis dans le bleu
Monday, June 27, 2011
BRUMA
Imóvel
Acredito na água
que lava a seiva dos dias
Na água
que cura a dor dos enganos
a estrela cadente
as horas de lava
o luar de sangue
Os meus olhos nos teus olhos
troco o sol pelo teu rosto
Entre as pedras
perfilo abandonos ao vento
sonhos fiéis
Lágrimas que respiram
madrugadoras
aos domingos
em maiúsculas
Tu
as palavras
o mar
e nada mais
Wednesday, May 25, 2011
ÉNIGME
La réalité impuissante
déposée sur mon visage
des espoirs balayés
d'une fine écriture
sur la même cadence
Chants de vie et de mémoires
comme l’arbre millénaire
si légère et si lourde
claquant dans le silence
tout au fond de ma nuit
Se brise la conscience
on pèse tous les gestes
aux déserts infranchissables
en l’espace d’un instant
entre la sagesse et le rêve
La lourdeur du destin
le spectre de la présence
d’incessants émois bleus
de ta peau frémissante
dans mes pensées aiguisées
Les arbres frissonnent
l'inconsolable solitude
que le hasard nous a doté
comme des rêves épuisés
de démarche en harmonie
Tous mes regrets ou plaisirs
du châtiment de l'errance
caressant essences et grains
comme flammes qui s’agitent
aux jours qui t’apportent joie
Sunday, May 22, 2011
HORAS CERTAS (DIÁLOGOS II)
O silêncio das pedras
carícia do vento
A lição dos pássaros
serenidade no mar
O vestígio táctil
prazer madrugador
O bater de asas
som da ilusão
O brilho do desejo
clamor matinal
A dúvida da solidão
existência aniquilada
O risco não assumido
objecção da suspeita
A vida que contemplas
nas horas que resvalam
E para além do mar
ficam as mágoas do passado
MADRUGADA
Deixas que os dias se escapem por entre os dedos de uma mão
Uma mão que é tua e que tudo parecia alcançar
Uma história real de fantasias
em que nada ficou por dizer
Tenho vivido até ao fim
com a consciência que liberta
A busca incessante que retenho
duma tranquilidade indulgente
E eis que rompe o primeiro raio de sol
Friday, May 20, 2011
DÉSIR
Maintenant c'est la pluie qui succède aux rayons de soleil
Il semble que nous habitons la même ville
Un jardin éphémère où les corps font des caresses
J'espère partager avec toi le cri de l'océan
TELEGRAMA
Daqui
de todo este céu
Siderado
pelo cálido fulgor
de todas estas estrelas
E com o rumor mavioso
de todo este mar
Inconfundível
De noite
AMOUR CARTÉSIEN
Observo
Persuadida pelo próprio ego
O saco repleto de quimeras
Deslumbra-se ao passar em cada esquina
Admite como prova o imponderável
Antecipa-se ao tempo presente
Projecta-se na imprecisão da vida
NÃO SEI
Não sei como dizer
Sucedem-se os dias
Tornas-te sublime
E fico suspenso
a contemplar
a tua imagem
No silêncio
da nossa imaginação
DE LONGE
As tuas palavras tocam-me
como se ganhassem vida
Amo-te com muito cuidado
e tu concordas baixinho
Amor tão delicado...
Hoje acordei contigo
Um dia lindo
pleno de sol
e céu muito azul
Fazes magia
Invento-te a todo o momento
e distingo a tua voz
Dá-me a tua mão
e vamos reinventar tudo o que é vida
SIMPLE MAIS VRAI
Il était une fois...
J'ai découvert
un grain de sable à la plage
Singulier
Assez différent des autres
Et je le garde dans mon destin
Et ça c'est dans la base de ma passion
Sans cesse
SOUVENIR
Habitamos o mesmo universo
Respiramos o mesmo ar
Comunicamos no mesmo alfabeto
Partilhámos momentos únicos
Amo-te a uma distância qualquer
E ainda te digo que existes
Dorme bem
e ama-me sem qualquer receio
que também assim farei
Adoro a ternura nos teus olhos
Agora,
quando fecho os meus
já consigo ter uma imagem nítida
de ti
HOJE
Sem razão aparente
o tempo pára
abruptamente
Ao longe
vislumbro uma estrada
bem definida
Há o espaço intermédio
Os segundos sucedem-se
uns aos outros
As horas também
Trago as recordações a tiracolo
1+1=1
Hoje
foi um dia
em que não avistei
distintamente
um dos meus semelhantes
Coisa rara
Tive saudades tuas
dolorosas
e pungentes
Deixo-te um poema escrito
a mim
pelo meu melhor amigo
já desaparecido
e meu pai
Foi há tanto tempo...
Hoje
precisava de um ombro amigo e firme
onde repousasse e recuperasse o ânimo
Comovo-me muito
facilmente
A fluidez
das almas errantes
E tu?
Que ris com paixão
e me deixas a quilómetros
Tenho mimos para ti
AMOUR VOLATILE
Singular
Onde o tempo perdura
e se confunde
com o infinito absoluto dos nossos arquétipos
Da nossa memória recolhida
na sua vertente mais recôndita
Tão comovente
Saboreio ingenuamente
a única lágrima
que consigo expelir
(afinal ainda consigo)
Assim cheguei
E assim te imagino
Voo numa direcção qualquer
Projecto-te para a eternidade
sem princípio nem fim
Je t'adore
Amour volatile
Wednesday, May 18, 2011
FINALMENTE A SÓS
Que sítio ermo e sombrio
que densa escuridão
onde me encontro retido
e me pressinto de corpo aberto
no eco das tuas preces
Reinvento remotas quimeras
de utopias silenciadas
folheio o livro circunspecto
e devoro páginas sôfregas
Que me obrigam a revelar
todo o peso do mundo
que desliza pelos meus ombros
e se esconde na tua presença
mesmo defronte do teu olhar
Arrisco sílabas errantes
prometidas à árvore nua
A tua veia alquímica
desde o princípio dos tempos
Monday, May 16, 2011
SEIO (DIÁLOGOS I)
A indizível luz
na noite generosa
A exuberância revestida
da amante ocasional
A chama adormecida
do etéreo desejo
A trégua interrompida
nos livros abjurados
A sala vazia
e a sombra vagarosa
A inocência dos lábios
na solidão dos ventos
O ténue rumor
da névoa em suspensão
A floresta silenciosa
e o esplendor da paixão
O tédio inusitado
do rosto da memória
O falso movimento
e o fulgor inflexível
A sombra errática
das horas indecisas
A ausência arrastada
da imagem dispersa
O gesto imediato
no dia especioso
A aragem nocturna
e o vestígio efémero
O brilho envergonhado
deste luar
assim aos poucos
O delírio inibido
da imobilidade
que nos devora
Sunday, May 15, 2011
SANS SOLEIL
Les feuilles mortes
les épines des roses
l'ennui des ports
les mains enchaînées
Le chemin sans freins
un désir partagé
les nuages immobiles
de tendresse infinie
La vie à mes veines
le manteau blanc
la sagesse de l’odeur
qui me raccroche à toi
Hurler dans les bois
les feuillages fous
la chaleur de tes lèvres
un désir impuni
Dans mon imaginaire
la mer reste sage
de tes égards glamours
ou de l'atteinte suprême
Toutes les errances
que nos larmes arrosent
irradiant dans les rues
sans prendre l'ombrage
Quand l'aube effleure l'âme
l’amour me submerge
les yeux pleins d’eau
d'une tendre volonté
Quelle tâche de titan
d’un firmament d’étoiles
entre gouffres et apogées
sans blesser la fleur qui pleure
Saturday, May 14, 2011
TENDRESSE
Si longues sont les journées
comme ces rêves inassouvis
deux ombres qui s'enlacent
dans ce paysage liquide
Brouillard et nostalgie
la frontière imaginaire
moment indéchiffrable
òu je remonte le temps
Un seul cri d’oiseau
de la nuit incendie
l'odeur des couleurs
dans l'encrier du ciel
Je veux être un cri
sans bruit et sans rancœur
avec un bleu si profond
de l’ombre de nos cœurs
Ouvert le chemin convoité
à l’insolence des fleurs
avec toi mes pensées
je t’aime à l’insu des heures
Le précipite dans la nuit
où mon âme rêve
murmures et sanglots
viennent s’offrir à mes yeux
Je danse à tes côtés
reine du royaume caché
pour un seul cri d'alarme
j'ai cassé toutes les règles
Comme le montre l'image
que le silence écoute
nous poursuivons le fil
de l’ amour clandestin
Profond heurt de la vie
les jours dorés par bonté
direction des rêves du vent
l'âme blottie au creux de l'univers
Friday, May 6, 2011
SONHO INTERDITO
És amor
como a inocência de um mistério
moves os lábios
os teus lábios de esperança
Entoas a volúpia
a luz do teu corpo
o fogo das palavras
cada uma das palavras
que não conseguimos dizer
O vazio da despedida
jorra o sangue da despedida
os passos que envelhecem
os teus cabelos hesitantes
as tuas sombras de outono
sonhos de fogo, mar e música
A transparência dos sentidos
as colinas do teu desejo
o grande rio da noite
o louco charme das noites...
a memória das distâncias
a curva do tempo no oceano
A loucura cumpre a promessa
som vazio, estéril e seco
rumor inalterável perplexo
a forçar a ausência dos pássaros
ou eco para lá das montanhas
Enleado no teu corpo avisto
sem destino, só e a imaginar
estrelas ingénuas inventadas
flores idênticas a corações
penetrantes e de luz espontânea
Cerro as pálpebras da derradeira noite
irrompo ao acaso do fundo da solidão
fito as mãos silenciadas
e bato à porta dos dias desejados
Thursday, May 5, 2011
BLASÉ
Desperta a primavera
com juízo
e tudo se altera
na razão inversa
a confirmação chega
lenta
precisa
gelada
suspeita adiada
árdua resignação
não vislumbrei flexibilidade
confundi os sinais
já era normal
perdemos o Norte
tão difícil...
tudo como antes
receios
dúvidas
afectos
susceptibilidades
não mudo uma vírgula
o mesmo fogo
invisível
a mesma mão
passado onírico
où es-tu?
subtileza de alto risco
antiquíssima
enigmática
primeiramente
aprendemos a ser
mais tarde
soubemos estar
o luar caía
sobre os teus cabelos
e as sombras
cúmplices
confundiam-se aconchegadas
em forma de madrugada
One from the Heart
assumo a verticalidade
com contornos
desvios
e erros
desafio a vida
sem máscara
luvas
ou rede
uma irmã julguei encontrar
assim afirmei
e quis
sem receios
as coisas podem iludir
as pessoas também
podem até parecer o que não são
mas olho o fim da estrada
e distingo a recompensa
mutilo-me
manifesto-me
admito uma profunda desilusão
e envergonho-me
da condição humana
sinto-me fora do meu meio
desde sempre
(já quando era o mais sujo)
espargi o bem
por isso sofro
algo está errado
ecoa a canção interdita
qual rumor melancólico
um pesar mais leve que o vazio
tão forte quanto a indiferença
o devir e o ser
são a mesma e única coisa
a dialética é dinâmica
e a cinética pode ser poesia
o mar
sumptuoso
e sedutor
como tu
já sei!
sou o alvo da traição
sempre fui
(talvez agora percebas)
o vento mudou
ressoam os tambores
mas o outono persiste
teima em ficar...
tal como as cegonhas
sábias...
prudentes...
jadis
la pluie était bleue
et on chantait tout l'amour
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