Saturday, October 3, 2020

UMA ESQUINA QUALQUER

 



abertura

um beijo. insondável noite iluminada. traço a elipse à mão. a composição de um porto de abrigo. o pirata apanhado em delito de paixão. uma louca ilusão. ergo o olhar com fulgor natural. o tempo suspenso. a fragilidade no aceno das bétulas. e das camélias. sentimentos absolutos com penas coloridas. no vórtice do tempo. em lagos de luz. as folhas juncam no retiro secreto. de idade transparente. de vários sabores. 

tema e desenvolvimento

sei de cor o mar. primitivo. somente som à superfície. periódico. ao amplo passo do dia. e da noite. pouco a pouco mais dormente. aproximo-me serenamente da vastidão. mais um beijo. no limiar da fina película. um parto difícil. com duração variável. natura filantropa? ou esfinge petrificada? os gestos abstractos solitários. o ranger da porta resiliente. na preconização do nevoeiro.

coda

não sei se sinto. o meu coração impotente. esvai-se na sensibilidade. nas palavras. palavras gravadas de eufemismo. o relevo inacabado do hieróglifo. uma escrita ilegível. o eco das árvores nas palavras. outro beijo. duas flores despidas. em espiral. opção cromática no seio materno. não me recordo de ti. anseio subir ao rubro olhar. da primeira noite. de preferência no campo. ou numa esquina qualquer.


No comments:

Post a Comment