Tuesday, October 6, 2020

20200910 (TRANSALPINO)



Fim de tarde com memória. Uma quinta-feira como qualquer outra. A voz teleguiada vinga-se na felicidade factível. Instila interstícios. Turbulentas fluem as palavras. Quebradas e derradeiras. Vindas de longe. Do nada. Do que não se cumpriu. Pelo atalho mais fácil. Com sombra vegetal. A máscara da banalidade.

A minha fuga ansiosa aos laços vedados. O mundo pára retráctil. Indecifrável e diáfano. O limbo da pele olvido em letargia austera. Sem coordenadas. O amor com limites. O sol eximido. Nada mais é. 

Venero o espanto e cumpro. O vento varre dentro dos livros. Frágil e transparente. O meu rosto sem peso. 

Cerro os olhos malferido pelo olhar furtivo. E olhas com falsa piedade as cinzas que não consigo estender. 

Nada restou do fogo primordial.


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