a aorta celeste
entra em órbita
terrestre
Rasgo o passepartout. Evado-me da moldura.
Abro a janela. Olho o céu. Hostil ao dia.
Atravesso o muro. Que se torna nocturno.
Para lá da noite. E dos encontros imprevistos.
O prestígio do luar. A demanda infinita.
Acordaste a metáfora já sem nome.
O amor e o mar aconchegavam-se.
Colava-me à luz. Encostavas-te ao silêncio.
E as árvores e os riachos riam-se.
Connosco.
Aqui mesmo. Ao longe...
Guardei fundo as noites onde a inocência espreita
A marca dos teus pés
O lado das árvores
Os portões ocultos
O ritmo nocturno
Os murmúrios vinham de longe
Das esquinas que sustentavam o mundo
Quando as estrelas aceitavam o dia
E o impossível das nuvens era a forma desejada