Wednesday, March 31, 2021

UM TEMPO DISTANTE. O EQUÍVOCO VÊ-SE AO ESPELHO

 






Rompe a Primavera e o declínio ulula em silêncio 

A dor seduz as noites que teimam em gritar

Reedifico sombras que tardam em esmaecer

Escalo colinas íngremes e atento as aves morosas

Procuro nos confins insurretos a lisura das fábulas  

O meu seio dissipa-se na brandura da última seiva


A pertinácia expiada na jugulação 

do ocaso fugaz 


Coagido pela única gota de sangue 

do raio silente


Desnudo-me e persigo a resignação 

de face serena


O que deveria ter sido dito

o que deveria ter sido dito no cair do tempo

o que deveria ter sido dito ao tocar as margens da inocência 


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