Tuesday, September 15, 2015

SETEMBRO



Nuvens negras


persistem em ficar


perenes





Imunes à sofreguidão da luz


soçobram


com ardor





Sublimadas

porfiosas

corrosivas





Adormecidas 


descansam no meu dorso


em letárgico  sono 


profundo





Portas entreabertas 


que se fecham


uma a uma


com estrondo





Erro por veredas 


ermas e profundas


sinuosas


sem fim





Através de mim


devorando-me aos poucos





Identidade autofágica






Onde a noite e a lua se digladiam


feridas pelo orgulho


de lágrimas de sangue


sem gestos de clemência





Desertos salgados


lábios longínquos…





Dirijo o olhar noutra direcção


onde o sol exorta 


em consciência





Contemplo o mar


entendo suas preces


temerosas


carentes de rancor






Avisto locais desabitados


inóspitos


onde não se vislumbram sombras



nem ódio





Promessas expectantes


clamam moribundas




(pausa)





O fio do destino


quebra-se silenciosamente





A omissão de qualquer explicação


sinédoque da incompreensão





A fatalidade ecuménica


e o ímpeto da paixão



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