O embrião da papoila ágil e buliçosa
dá lugar à desolação erma e sarçal
na vigília das pálpebras
irremediavelmente a germinar
a mais impura tormenta
(entre parêntesis)
escrevo a noite
sem contrição num olhar profundo
o dia cauto mostra-me os sinais
do silêncio que há num grito
sinto o tacto suave em redor
da irregular escrita no vento
a chuva lava-me os sentidos
os ultrajes dissipam-se despedaçados
resiste o vestígio de nenhum gesto
cravado firme em toda a memória
à distância